sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

História de quem conta histórias... ou A neta da contadora de histórias



“Cresci ouvindo histórias. Histórias de boca e histórias de livros. Devo admitir que as histórias que saíam da boca mineira da minha avó sempre foram as prediletas. Lembro-me até hoje delas.

Como professora do 3º ano do hoje chamado Ensino Fundamental, me vi aumentando vários pontos nos contos que um dia foram narrados para mim. Sem perceber, fui tornando-me contadora de histórias.
Apresentação no projeto "Conto sete em ponto" do Instituto Aletria, em Nova Lima - MG (outubro de 2009)
Foto: Aline Cântia


Aluna do curso de Ciências Sociais da PUC-SP e bolsista do Programa Especial de Treinamento (PET-CAPES) interessei-me pelos aspectos da cultura popular brasileira. Em especial, me aproximei dos contos tradicionais, coletados diretamente da ‘boca do povo’, por pesquisadores denominados folcloristas.  Esse estudo deu origem ao artigo ‘Cultura popular: entre a tradição e a transformação’, publicado na revista São Paulo em Perspectiva, da Fundação Seade e ao livro ‘Festas Juninas, Festas de São João’, em co-autoria com a Professora Dra Lúcia Helena Vitali Rangel.



Em meados de 1998, conheci o contador de histórias Giba Pedrosa. Incentivada por ele, comecei e não parei mais de narrar ‘histórias de boca’ em diversos espaços de cultura e lazer (unidades do SESC do município de São Paulo e interior, parques municipais, museus, institutos); bibliotecas (Festival A arte de contar histórias); livrarias (Livraria da Vila, Casa de livros, Livraria Companhia Ilimitada); instituições públicas e privadas de ensino; empresas de diferentes setores (Bank Boston, Suzano, Aletria, Pampili); instituições hospitalares (Hospital Geral de Pedreiras, Hospital Emílio Ribas, INCOR); ONGs (Instituto de Pesquisas Ecológicas – IPE, Moradia e Cidadania, CDC Tide Setubal), entre outros.



Apresentação no 2o Dia EM AÇÃO da BMV&FBOVESPA (Espaço Esportivo Cultural de Paraisópolis e Associação Profissionalizante do Brás - outubro de 2011)

  

Narração para mais de 300 crianças e jovens durante o Festival do Livro e da literatura de São Miguel - CDC Tide Setubal



Recebi com muito carinho o convite para dar voz e apresentar ao público infantil personagens que nasceram na imaginação de diversos autores e ganharam vida em seus livros, lançados em espaços como livrarias da Vila, Fnac e Companhia Ilimitada. Entre eles: Ana Claudia Bastos; Marcelo Xavier; Mônica Guttmann; Mahyra Costivelli; Luciana Garcia; Lalau e Laura Beatriz. 
                    

Lançamento do livro "Três formigas amigas", de Marcelo Xavier, na livraria Companhia Ilimitada.
Na Livraria Cia Ilimitada nasceu (2001) o projeto ‘Tarde do conto’, sempre no último domingo do mês. No quintal da livraria já passaram vários contadores de histórias, que transmitem cada um a seu modo, a riqueza dos contos tradicionais e/ou contemporâneos, poesias, trava-línguas, cantigas, parlendas entre outras brincadeiras com palavras. www.companhiailimitada.com.br

Tarde do conto na Livraria Companhia Ilimitada (Julho de 2011) - "Contos encantados brasileiros"


Como são gostosas e duradouras as parcerias que nascem da experiência de compartilhar histórias! Não é só no mundo encantado do "Era uma vez" que uma história puxa outras... Na Escola de Educação Infantil Bola de Neve (atual Colégio Hugo Sarmento), as histórias narradas para as crianças no ano de 2005, puxaram encontros de formação para educadores sobre a prática de narrar oralmente. Estes encontros puxaram a história vivida com jovens narradores, alunos do Ensino Médio do Colégio Hugo Sarmento; o convite para a criação e direção de "Uma noite bossa nova" (espetáculo musical desenvolvido com os alunos da Educação Infantil e Ensino Fundamental); mais encontros de formação com os educadores (também do Ensino Fundamental); outras rodas de histórias com as crianças e um pouco da poesia de Manoel de Barros para rememorar algumas infâncias vividas ou inventadas, durante a Livromania. www.hugosarmento.com.br

Convites para ministrar cursos, palestras e oficinas sobre as especificidades das histórias de boca (narração oral) e das histórias de livro (mediação de leitura), surgiram a partir das rodas de histórias realizadas por aqui e acolá.

Participo de Congressos, Simpósios e Encontros em instituições de educação (formal e não-formal), como: Coordenadoria de Educação dos distritos de Jaçanã e Campo Limpo; Secretaria de Educação de Várzea Paulista, Teodoro Sampaio, Itupeva e Sorocaba; APROFEM; SIEEESP; UNIP; PUCCAMP; SENAC; UNESP – Botucatu; UNESP – Registro, UFPi; IPE (Instituto de Pesquisas Ecológicas); Itaú Cultural; Associação Crescer Sempre; Instituto BMV&FBOVESPA; entre outras.



Curso de formação para voluntários do Instituto BMV&FBOVESPA -
"Contação de histórias para crianças" (outubro de 2011)
http://bvmfemacao.v2v.net/aggregators/114/photos



Curso de "contação" de histórias para voluntários da Fundação BankBoston (julho de 2007)
Fotos: Raquel Guedes

Envolvida com projetos de incentivo a leitura, desenvolvi e ministrei a oficina Andanças pelos sítios de Monteiro Lobato (2005), pelo projeto ‘Ler é Preciso’ do Instituto Ecofuturo, para educadores de seis municípios do Estado de São Paulo.

Em parceria com a ONG Moradia e Cidadania realizei o projeto de formação na arte de narrar ‘Zaki Narchi conta e encanta’ (2007), com adolescentes moradores da Comunidade Zaki Narchi.

A elaboração e realização das rodas de histórias e cursos de formação demandaram muito estudo e dedicação. Pensar a prática narrativa deu-me elementos para desenvolver a dissertação de mestrado ‘O voo dos pássaros: uma reflexão sobre o lugar do contador de histórias na contemporaneidade’ (2008), contemplada por bolsa de estudos do CNPq. Um dos capítulos dessa pesquisa, transformado em artigo, compõe o livro ‘O bom pensamento: Contadores, Intérpretes e Narradores’, publicado pela Editora da Universidade Federal de Pernambuco.


Meus voos, contudo, não foram apenas solitários. Convidada a integrar o Grupo Girasonhos (entre os anos de 2005 e 2010) com os músicos Fernando Boi e Léo Doktorczyk, tive a oportunidade de narrar e viver belas histórias em diversas cidades do interior paulista e até em outros estados. 



Apresentação no projeto "Conto sete em ponto" do Instituto Aletria, em Nova Lima - MG (outubro de 2009)
Fotos: Aline Cântia

Em meio a tantas narrativas conheci a musicista Lara César. Juntas formamos o Grupo Mulheres Tecelãs (2008). Em 2011 fomos contempladas pelo Edital das Bibliotecas Municipais de São Paulo, com o espetáculo “Tramas femininas”.





Espetáculo "Tramas femininas" na Mostra Caldeirão'22, em abril de 2011, no CEU Uirapuru.
Fotos: Leila Terra



Sempre pela estrada a fora, me vi diante de um novo desafio: fazer a curadoria artística do evento ‘Momentos Mágicos Infantis’, patrocinado pela empresa Pampili. Esse trabalho envolveu a contratação, treinamento e acompanhamento da ação de dezesseis contadoras de histórias profissionais em São Paulo (capital e interior), Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis, Belo Horizonte, Goiânia, Brasília, Campo Grande, Fortaleza, João Pessoa, Recife e Manaus. Em 2008 e 2009 o projeto contou com a participação de aproximadamente 25.000 crianças. Em 2010, assumi a curadoria da ação cultural de lançamento do livro “Terra do Rosa II”, realizada em escolas espalhadas por todo Brasil.



















De abril de 2010 a fevereiro de 2011, em companhia da também artista da palavra Leila Terra, fiquei envolvida com a formação e acompanhamento da ação de 53 mediadores de leitura na cidade de Várzea Paulista (SP), pelo projeto ‘Conto Encanto’, uma parceria entre a Secretaria de Educação de Várzea e a PETROBRÁS.

Publicação com fotos e artigos sobre o Projeto ContoEncanto






Mediadores de leitura durante o curso de formação do Projeto ContoEncanto

Nas conversas tecidas ao nascer e pôr do sol, durante o percurso de ida e volta das cidades de São Paulo e Várzea Paulista, Leila Terra e eu idealizamos intervenções artísticas em formato diferente da contação de histórias "espetáculo". O convite para ouvir as histórias e poesias é feito individualmente ou para um pequeno grupo de pessoas circulantes na “rua da surpresa” do Sesc Pompéia (onde estreamos os projetos "Histórias andantes" e "Poesias ao pé do ouvido"), praças ou parques.

Contadoras de histórias Nanda Ruano, Vivian Catenacci e Leila Terra, no Parque da Vila Guilherme/Trote
(Maio de 2011)

"Poesias ao Pé do Ouvido", Parque da Vila Guilherme

"Histórias Andantes", Parque da Vila Guilherme


Outubro de 2011

Das deliciosas prosas com os artistas mineiros Aline Cântia e Chicó do Céu, nasceu o projeto “Da Estante pro Instante. E vice-versa”, selecionado por meio de edital público e apoiado pelo Ministério da Cultura através da FUNARTE. Projeto desenvolvido em quatro municípios do Programa Territórios da Cidadania, entre os meses de março e julho de 2011.

Em 2011 comecei a desenvolver rodas de Histórias e Brincadeiras Cantadas com bebês, acompanhados das suas mães, pais, avós e cuidadoras, Espaço Bebê da Associação Brasileira A Hebraica. Hoje o projeto denominado "Do tamanho de um botão" é desenvolvido em Sorocaba, no espaço Bem Gerar-Maternidade e Desenvolvimento. 



Espaço Bebê, da "A Hebraica"

















Em 2010 recebeu o convite para criar um “quintal” de histórias e brincadeiras com alunos da Educação Infantil e Ensino Fundamental I do Colégio São Domingos (SP), onde atuou por 5 anos como educadora artista da disciplina "Histórias e Brincadeiras" e desenvolveu a formação das educadoras polivalentes (sobre narração oral e mediação de leitura); da equipe da disciplina “Histórias e brincadeiras” e alunos do Ensino Médio, no projeto InterAgir.

Brincadeira "Seu Lobo está pronto?", com alunos do Colégio São Domingos




De maio de 2013 a janeiro de 2016, recontei narrativas tradicionais brasileiras e de outros cantos do mundo, que fazem parte do meu repertório como contadora de histórias, na revista "Pé da Serra".

Vivendo na cidade de Sorocaba, levo contos, cantos e brincadeiras a instituições de ensino e de cultura, através do trabalho desenvolvido com alunos, pais, formação de educadores.

http://www.sescsp.org.br/programacao/48168_HISTORIA+QUE+PUXA+BRINCADEIRA+QUE+PUXA+HISTORIA+QUE+PUXA


"Histórias e brincadeiras" no CEI 02, em Sorocaba

E assim, "a boca abre, a boca fecha e os contos continuam falando..."